São como mapa pela certa, mas sem a vontade de se achar, e são como tesouro mas sem mãos para serem desejadas, procuradas e roubadas.
São erguidas como um monumomento em todo o seu louvor, mas sem tempo de ser ou arte de ver, sem momento ou monumento, são apenas dor, um basta de quem não sabe ao certo o que é viver.
E quem aqui nos fez e aqui nos construiu e, continua a construir, teve sempre uma velha e louca fantasia pela ruína. Pelos pedaços caídos de lágrimas a dois, e pelo seu próprio sorriso cínico de nos fazer amar algo que a morte nos pode a qualquer momento tirar.
Esta Roma do coração é mais fantasia que chegada, mas fim do que partida. E tudo isto me chama a agonia leve, tanto de pensar, mas não tanto de a viver, como todas as sirenes sem fim que levam numa maca a escrita, já como restos mortais de palavras, de toda esta mediocridade da minha própria presença.
Caramba! Logo agora que os dias são altos como sinos nesta Terra! Porque têm de ser estas noites, essas pequenas despedidas ao entendimento, assassinas do amanhã? Que escondem-se, nesta apanhada com os nossos olhos nos momentos em que as estamos quase a agarrar?
São sonhos atados, diz-me o coração. E felizmente que este pobre inquilino de mim esteve sempre mais ocupado com o meu sangue mexer e remexer do que amar. Não que hoje me possa queixar, ou na verdade falar, de toda a construção que um sentimento pode ser.
Como uma linha de montagem de amor, este matadouro sobre o ser é, segundo a segundo um novo ardor, momento a momento uma nova dor. E no fim alguém ainda o quer comprar?
Mas uns compram-no! Gente que vale saldos faz divida de si para o ter, e como se o fim não fosse um basta, embrulham-no para entregar. Dão mas não sentem, não sabem. Pelos outros são abertos, esses nunca souberam pedir. Vamos inventar um novo motivo para festejar.
A dor também faz anos e a essa ninguém se lembra do seu aniversário. Evento sem nome, esse é apenas um momento, convidado pelo tempo, de um conjunto de construções simbólicas que não se conseguem entender entre si.
Estão todos atados ao vazio. Estão todos suspensos no ar. Juntos com estes sonhos atados, estavam-se todos em demasia para uma corda que nunca os prendeu na verdade. Mas aqui ninguém se sente livre, nunca sentiu. Apenas o disse sentir.
Lembra-me quando a memória for apenas um soprar de mim na ideia dos outros...
Será esse o pátio onde nos deveríamos encontrar?
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A Lua Vermelha e o Vazio (Própria Autoria) |
Viver é uma coisa fútil, feia, e certamente sem solução.
Mesmo pesada como revolução, a vida em si é tão absurda para quem pensa, que a própria já se bofeteou inúmeras vezes e agora passa todo o tempo a sangrar do nariz.
O mundo é este eco fantástico, e nunca mais existir certamente é uma dor que só vou poder sentir enquanto viver.
Do nada nascemos, mas a pessoa que morre connosco certamente não é a mesma que em nós nasceu.
Mesmo uma criança morta, sabe-se pelo não saber que na sua existência aprendeu a chorar.
Um dia, na outra ponta, e o meu tudo saberá o cessar.