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Aos monumomentos
A existência é um belo cadáver lançado ao mar.
Tão belo, e tão amarrado de pés com braços, que foi lançado para bem longe daquilo que pensamos poder ser. E logo aqui neste pátio, onde chegamos, sem nunca ter partido, encontramos a cruz espetada no coração de todas as coisas onde marcamos-te no agora, pensamento constante e diário, como tesouro à espera de ser encontrado.
Mas onde andam os mapas de nós?
Quando o podre acena o mar, e a carne se torna nada mais que um barco de vermes de barriga cheia de nós, as tempestades levantam-se e rugem como leões famintos de dor que nunca souberam a cor de viver foram de um jardim zoológico!
E neste universo que asfixiamos, onde o fundo do mar é apenas um teto que julgamos caminhar sem nunca termos saído da beira da areia, as memórias são apenas um prazer esquecido num até já.
É o tempo que nos espera, enquanto o tempo, tempo o ter. Mas a lua esta noite fica de bico de pés à espera das estrelas que acreditas morrerem, uma por uma.
Afinal de contas todos são apenas comandantes em espírito de um corpo pesado de mais para flutuar nas coisas que acredito. Tentas ser como navios fantasmas, os que trazem boas noticias em mãos, apenas quando deles poderes ser para as entender. É a marca que não poderás mais navegar.
Mas a culpa é do homem e da mulher! Que quando o lançaram ao mar, o belo cadáver, esqueceram-se que as ondas que nos batem nos pés são os segundos que nos restam. Voltam a nós e não pensam como chegar.
Momentos são monumentos, mas monumentos serão momentos? Momentos longos são apenas pedra.
Passamos a vida a sonhar com o infinito fundo do mar. É uma pena, parece que a eternidade sempre nos visitou acordados.