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E eu sou um doente com demasiadas curas, um crónico inadaptado aos olhos alheios e às crónicas que são, ou numa hipótese mais realista de mim, que seriam fáceis de assinar.
A tristeza nunca significou tristeza para mim.
A lua de sangue
Quando os tubos se erguem e se entrelaçam na minha pele, sei que a dor de alguém é apenas uma salvação a vermelho. Sempre ouvi dizer que para se ser herói não era preciso usar capa, portanto qual será o nosso super poder?
Mas se todos somos herois, e por pouco fazer, será possível encontrar um lado belo neste caminho?
O sofrimento dos outros, e talvez um dia o meu próprio sofrimento, são uma dádiva que de mim encontra um fim. E se, tudo o que penso, tudo o que sinto, são fluxos que por mim existem, por mim circulam, e se quisermos ser mais previsíveis, que no coração se fazem, então o meu sangue é apenas um vontade também de ti. Um constante correr que me faz lembrar na vida que te quero além da morte.
Podes tu me dizer:
- Mas ele coagula!
Deixa-o coagular. Deixa a morte encontrar os nossos pecados e os sinos tocarem as nossas ultimas vontades. Existes nas vertigens de mim. Vives no meu pensamento e tens a vista mais bela para dentro de tudo o que sonho em nomes a mãos dadas.
Não é a tristeza que se seja farsa, nem a farsa se sinta tristeza. Este é apenas o tempo em que o sangue dou, e nesse pedacinho vivo de mim, também encontras caminho para partir comigo.
Dar-me é dar-te. E dar-mos-nos é vivermos no coração dos outros, circularmos em centenas de outras vidas.
Este é o nosso bater. Rumo certo até a uma eternidade possível.