Há apenas duas coisas que devem ser pensadas depois de serem ditas. A primeira anota-se em branco e é como um rasgo de nós inclinado, ao ponto de ser-se algo que se aponta ao resumo do fundo de um reflexo. A segunda é que nem tudo o que dizemos primeiro deve ser tomado de assalto como tesouro, pois os fundos que esticamos os braços podem ser mais distantes que a dor que procuramos afundar.
Resumo-me a uma terceira ideia que não foi dita. A uma vontade de explicar ao mundo os meus gelos, os meus pecados em falta e a escravatura de santos que se colecciona perto dos pés daqueles que rezam apenas caminhar.
A verdade é que eu nunca quis ser o cretino que por vezes se deu ao luxo de sempre o ser. Nem como vontade, nem como sentimento. Tudo se condiciona aos dias que nos tornam aos poucos algo distante de uma precisão matemática entre o nosso corpo e o que achamos sentir.
Não vejo é qualquer necessidade de pedir desculpa por algo que um eu ultrapassado fez.
As cicatrizes tornaram-se uma piada na minha vida. Uma piada que me esqueci de rir mas que todos sempre insistiram que conte. Tornou-se a assinatura do momento do meu ser, um suspenso invisível mas estático como os "Sonhos de Menino" de um cantor qualquer.
Até quando vamos perder tempo uns com os outros quando o vazio nos separa?
Não importa o ódio.
A cruz daquela que saí. Ela odiará a minha existência mais do que todas as preces deixadas pelos outros em vão.
Este é o deus que vendeu a maior foda da vida dele em nome de um milagre que foi o diabo a fazer.