“Time flows in the same way for all human beings; every human being flows through time in a different way.”
Yasunari Kawabata

A urgência do remetente é uma ficção do destinatário

Carta aberta e selada pelo demónio em part time do momento. 
Em nome do trovador de um rumo que leva ao coração da necrópole onde epitáfios rasos são cobertos por terra de amigos de ontem e cimentam esperanças no pensamento; onde pó e espinhos dos hologramas das farsas assombram tempestades por um sentido cimentando o céu onde caminham os nossos olhos ao passar; e as mais belas rosas erguidas, pela sinceridade dos verdadeiros inimigos, cimentam a calçada que liga a distancia que faz questão de nos separar. 

O círculo crucifica-se no topo desta montanha. Faz-se rota em nome de um sarcófago gelado, que alguns teimam em chamar de Terra, que não é mais que um simples eclipse à vida que deixou a sua irmã como órfã da sua própria translação. Na verdade, das profundas mentiras, os ventos guiam-se pelo mapa que ilustra um quadrado sem fim pela busca da circunferência precisa.
Limam-se arestas por moldes incertos e subtraem-se cadáveres que flutuam pelos pés do mar onde se julgam deuses até aos joelhos. Erguem-se, sobre a pedra incerta da profundeza, a maior das necrópoles com a traição comum desta ser mais uma em nome dos vivos. Mas não será esta apenas mais uma, como todas as outras, que erguemos na decomposição ilusória das boas intenções?
Jaz sempre como osso a maior das convicções da carne fazendo-se palácio. Na certeza de um ritmo com aspiração à vida, numa tirania precisa de todos os poemas que um poeta se esqueceu de assinar.
Ficaram eles perdidos num mar onde quem navega tenciona-se num rumo para vos amar com as nossas palavras em tesouro. Os correctos citadores, ilustradores de demais amanheceres sem vontades deles por um sol, prendem-se ao fruto caído de um chão que talvez contenha demasiadas larvas quando ingerem-se pelas vontades.
São como raízes, são difíceis de se explicar.




As pessoas enforcam-se nas árvores, mas na verdade só nelas balançam.
O fim de cada um é como a sua raiz em forma de serpente. Desvanece onde os olhos nunca a procuram encontrar, deixando uma longa pele na arquitectura de sonhos que um dia foram casa de alguém.
Serpentes com asas e agulhas, no veneno simples das abelhas, e das rainhas no andor. Escavam a pele num berço já por si tatuado pela dor no avesso da carne, pelo erguer de um zumbido que encena o sono onde rainhas encontram na roupa a verdade mas se maquilham  de farsa.

Deixamos a noite mas levamos as estrelas.