Bring me the gun. I got the bullets and the heart
Tudo o que está nas traseiras das estrelas rima com cancro, linhas férreas, mendigos e criminalidade violenta.
A dor é sempre uma brisa que me passa pelos pés quando me descalço em pântanos exaustos. Não quero nada que venha dela, nem quero mãos a acenar despedidas com vontades cravadas nas unhas. O rosto de quem acena não está verdadeiramente na direcção da sua mão.
Encara-me como uma tempestade de corvos cantando o diluvio das almas.
O Placebo do hipocondríaco: A carpideira que apaixonou-se pelo meu nome.
A vida tornou-se um cruzamento coagulado entre em veias e artérias de um membro amputado. A ruptura de causas, a bela depressão (confortável) e de mãos dadas com a perda ou até a bela brisa da incerteza do amanhã, são a sinfonia que o meu corpo erra todos os acordes. Não sou uma imitação das vontades de estranhos, não sou lágrima projectada pelos arquitectos do cérebro humano.
Por mais passividade que os meus pulsos rasgados demonstrem, o respirar que habita no meu rés do chão é como um hino, o meu próprio 'Brave Murder Day' pintado a pássaros enforcados nas árvores.
Sou frágil, honesto e infantil. Sou monstro em escalas menores. Por isso estou farto de monólogos de cosmopolitas mimados. Em que só me apetece lhes gritar: "Calem a p*ta da boca!". Mas contento-me com a calmaria, como cavalheiro que sabe morrer em pé na deriva dos ponteiros quando se afundam no oceano da distância. Porque em breve todos os anjos de pedra vão embora, assumindo que serei o primeiro a cair.
Este não é o caminho que fomos pensados para deixar de existir. O meu coração é um derrame de sangue coagulado nas tuas asas.
Já não temos idade para sermos anjos.
O Inverno ensina-nos a viver de mãos dadas com a morte, o erguer dos oceanos sobre os abraços das montanhas, e a adormecer na falta de religião nos esgotos repleto de deuses pouco credíveis.
A nossa existência é toda uma farsa acompanhada pelas palmas de quem vive apenas na terceira pessoa. A dor do hipocondríaco; mesmo que não exista, não é implícito a sua falta de sentimento.
E eu que sou horrível? Que tenho nojo de espelhos porque me sussurram o que pareço e mostram-me as impossibilidades de sonhos matemáticos que são arrastados por todas as formulas que não sei resolver? Só me restam vontades escorridas como tinta para a carta da última folha do meu caderno:
Sou feio de mais para terem algum tipo de obrigação social de chorarem por mim. Também não visto roupas caras e não posso desejar algumas coisas que alguns conseguem obter com a mesma facilidade com que respiram. Mas também não sou ingrato pelas migalhas da minha vida. Por isso não levo a mal a fractura da minha mudança e todo o ódio que me cai sobre os ombros. Sou-me papel encantado pela lentidão da escrita ao lado das tintas que se atrasam em relação ao pensamento do momento.
E não posso mais tolerar as sinfonias destas carpideiras que me rodeiam ainda antes de ter morrido. Até porque vivo apaixonado por coisas que nunca existiram e se diluem em memórias que mostram rostos de pessoas que nunca mais existirão. São apertos do coração que todos nos lembramos a cores, de tempos que aconteceram a preto e branco. Mas como acabamos assim?
Não vou pedir desculpa por esta ser a última folha do meu caderno - que ainda por cima se encontra rasgada - para fazer-me último monólogo.
Esta é a asfixia de todos aqueles que só querem saber da primeira página do próximo caderno quando eu sei que os ponteiros podem não me dar tempo de algum dia o comprar.
Apaixonei-me por algo que fica do lado de lá da nossa própria existência.
Casa.