“Time flows in the same way for all human beings; every human being flows through time in a different way.”
Yasunari Kawabata


Bem, sem qualquer tipo de dança ou fantasias distantes me obrigo a rever nesta caligrafia. Não pretendo de todo qualquer moral ou reconhecimento da parte, nem sequer um olhar retrospectivo dos acontecimentos. Dou-me ao luxo de poder escrever o ridículo da forma como ele o é: ridiculamente!
A verdade é que os meus santos não são de pedra, nem tudo está agarrado ao corpo. Digo-o, ironicamente, pelo esforço de vomitar-se a si mesmo para arrancar um pequeno pedaço de si. Talvez fosse uma crónica, de um desejo que eu não queria de todo. Por momentos revia-me preso às austeridades crónicas da reprimenda, e mais do que isso, um tempo de antena bastante elaborado que se traduzia em dois segundos de emissão.
Porém, nada se escreve ou projecta sem se ter a mente ciente do que se quer. A minha imagem de previsível sempre te correu os olhos, porque não revês os textos desta casa que datam Agosto/Setembro então? Eu, que sou apologista da razão, caí tantas vezes no ridículo da contradição... Ainda me envergonho disso hoje! Talvez porque me preocupei de mais com simples sorrisos, e de menos comigo. Sei que não me pediste, portanto apenas me posso resumir a essa folha cuspida.  Há um ano atrás não me revia nestes mantos, e hoje que olho para eles, acho que já nada entendo na verdade. Sentir falta de algo que nunca tive ou que sequer de "bom" me deu (tirando alguns rasgos estranhos que nem sequer quero entender de momento).
Nestas últimas semanas aprendi uma nova arte de respirar a tremer constantemente. Não é que olhem para mim com nojo, isso sempre o fizeram. Apenas vejo os olhos negros na cara daqueles que me olham, e não verdadeiramente em mim.
Aprendi, também, a ter alguns ensaios primitivos de expressões. Não compreendo de todo as suas naturezas, ou os diálogos forçados da minha mente. A maior desilusão vem daqueles que nunca esperei virarem-me as costas desta forma (belo timing hum?).
Adiante.
Uma bela letra faz-me pensar nisso mesmo. Nos ciclos das danças em rumo ao chão. Logo eu que nunca aprendi a dar um passo de dança por mais básico que fosse. Talvez hoje ainda não a culpe pela forma como em forçou a viver alguns anos atrás.
Sei que ultimamente, principalmente esta plataforma, tem recebido umas visitas interessantes por parte de quem (não entendo bem ao certo os motivos de gostar disto) esta casa procura.
Não procurem casa pelas paredes. Façam-no pelos tempos em que nada se aproveita porque tudo se aspira e sonha. Disse-o, inúmeras vezes em centenas de crónicas do adiamento. E hoje entendo-as num horizonte que se chove bem longe daqui. Na verdade, nada aqui se mexe de alguma forma. Tudo apodrece-me nas mãos, nos pés, e até nos olhos. A sensação mais estranha prende-se a um sono inqualificável que se pretende passar por doutorado. Ele nada sabe, penso. Mas os certificados dão-lhe a razão.
As semelhanças do verdadeiro eu ainda estão por apurar. Se eu quiser perceber algumas das acusações sem me rir, terei de fazer um enorme esforço e acabar por ser chamado de ridículo e inútil no fim. Se já me o fizeram, pouco me importa. Se os meus olhos mentem, então são-lhes ainda mais cegos que as paranóias que de vez enquanto chamo amor dentro de mim.
Tive dias de fogo que se viesses ter comigo eu virava-te as costas. Um apelo ao alto onde a água cai. Não foi isso que me fizeste durante todo o tempo?
Eu compreendo as razões, as danças, e sobretudo os pés descalços. Não compreendo a tendência às sapatilhas ou batas de marca quando na verdade os meus pés descalços não entram em tais galas. Não são frios, são caminhados de mais pelo absurdo.
Termino a minha dança pessoal sem não ter mexido um único músculo da minha face. É isso que consigo ser  e não tentar esconder. A pasmaceira biológica, um colar de pregos numa porta de madeira em que o martelo é a minha consciência.
Se a quiser punir, certamente que ficarei eternamente preso ao chão com a cabeça de tanto a olhar.
Sem acenos ou lágrimas, por favor, mas não existe tal coisa como 'eternidade'.