“Time flows in the same way for all human beings; every human being flows through time in a different way.”
Yasunari Kawabata

A dois passos da vertigem da solidão

B.

Chega perto do fim, como quem por pontos se entrelaça, para poder entender a óptica do começo. Não é como o destino, uma placa contínua a um passo à frente dos nossos pés, mas deixa atrás como fenda escrita a lava que revê olhos a fogo, queimando lágrimas como quem queima cera em troca de um mero favor a um deus mercantil.
Abrem a reza com esperança do distante. A sova rival aos problemas impostos, num soneto divergente pelas ruas precisas das achas mal apagadas das sombras da inquisição.
Este é o nosso silêncio. E mais do que nunca sinto que te posso ouvir. Muitas vezes apaixonado pela dor de nada poder sentir. Abraçando-te como um fim, pois na verdade, tu és o único verdadeiro começo que conheço.

Fica.

Sentir é dor e eu escolho não sentir porque a dor é mais bela. Uma escolha na beleza vestida de belo, onde treme a pedra esculpida a sangue.
Olhos Medusa. Sangue de pedra. O veneno de um existir cuja sensação se torna o maior ritual de não sentir.
Sou um ritual que morreu.
Acordo todas as manhãs para voltar a morrer.