“Time flows in the same way for all human beings; every human being flows through time in a different way.”
Yasunari Kawabata




"Beauty slept and angels wept  for her immortal soul.  In this repose, all evil chose to claim her for their very own"




Vamos fingir a tinta e tornar deste modo o desenho suportável.
Sonhei demasiadas vezes com cemitérios em chamas e urnas brancas enquanto dormia ao som das noites geladas com os ratos a meus pés. Sonhei, também, a minha própria transladação do sono e a certeza do fantasma do amanhã nos olhos daqueles que insistiram em me ensinar o significado de morrer enquanto criança. Tornei-me, com o tempo, aquele que fica e todos acabam por esquecer. As marcas de quem desaparece no imaginário de quem nunca voltará para visitar estátuas que um dia respiraram.
Hoje sei-me como certeza de melhor mulher que homem, mesmo com toda a descriminação que estas ainda hoje (lamentavelmente) estão sujeitas. Sei-me a prêmio dos pobres (ao que parece a Universidade de Coimbra decidiu premiar-me, entre os melhores, apenas por cumprir a minha obrigação enquanto estudante). Onde ando eu? A morrer, todos sabem. 
Completei-me como morte porque visto os seus longos vestidos nos meus derrames sobre o branco. E naquela manhã pintada no horizonte onde as veias colapsam, caio de joelhos com todo o mundo imaginário que insisto em esconder dos meus verdadeiros sentimentos, e tudo dissipa-se no vazio sem ninguém o verdadeiramente conhecer.
A minha vagina das cremações é virgem apenas na integridade dos portões que a protegem. O amanhã é uma dança de mão em mão sobre Paris.