Cruza-me os braços e mostra-me a pequena visão de um alto onde o homem metálico e desprendido desse véu já o superou, e reza-me num sonho essa frágil, e perdida em forma de sermão vendido como água sagrada para casas de banho publicas imundas, vontade de uma linha pensada no depois do vazio. A própria crueldade com o próprio ser em nome de uma ficção que, já que estamos a inventar, podia ser ao menos muito mais interessante.
Esta tarde procurei a definição de palavra fanático, não em livros, mas na expressão dos rostos de pessoas incrédulas com o meu aspecto obscuro e queimado da luz, enquanto caminhava por um lugar onde alguém um dia teve a brilhante ideia de montar um negócio perfeito.
Alienar três crianças hoje parece conversa de pedófilo, de crueldade social e amplamente punida pelos juízes de sanita com crucifixo no autoclismo. Mas a verdade deste meu ser, sociólogo em part-time enquanto respira, é que não gosta de perguntas que ficam sem resposta, nem de perguntas que se engasgam na sua construção por quebras de morais e lógicas complexas.
A verdade é que os senhores do marketing e do capitalismo amplamente defendidos pelos avés políticos e as suas rezas bíblicas em latim democrático, deviam aprender com este filme montado na pacata localidade da Cova da Iria algures em 1917. Do argumento complexo, tudo se resume ao que parece a três crianças tomaram alguma espécie de cogumelo mágico. Estes, talvez oferecidos por visionários, são manipuladores da cidade que hoje tresanda ao mesmo nome em todas as esquinas: hotéis, recordações (das boas sem duvida e pouco repetitivas), restaurantes, e até farmácias.
Para além de todo este complexo império que se montou em prol da alucinação, existe um campo de refugiados onde todos se sentem felizes e amados. Não basta as horas que parte deles fizeram a pé, ao que parece estes devem se ajoelhar e percorrer centenas de metros de joelhos, mesmo não podendo, em nome de um prazer semelhante a sexo oral por parte de um santo. Talvez isso justifique o rebaixar, bem naquela perspectiva machista que os senhores elitistas de branco ainda pregam.
O problema é que a bola de neve apenas se agarra à estupidez e à falta de capacidade critica das pessoas. Já não basta uma especie de cartaz à entrada onde é claramente perceptível que a nossa senhora de Fátima não gosta de animais (pois estes são vedados), esta também não gosta de decotes ou sais curtas. Talvez não queira concorrência naquele motel moral, a prostituição de ser em prol do não existir e do pouco pensar.
A cara de devoção assusta, quando a mentira é apenas uma avalanche aplaudida no cimo da montanha por quem lucra verdadeiramente com isso. Eles aplaudem, todo o dia, toda noite.
Os zombies sobem a montanha em fila para enfardar o corpo de deus.
Caros católicos, eu não tenho medo do vosso inferno porque vi quem é o vosso deus.
E as vossas freiras são, na verdade, o maior desafio sexual que percebi até hoje.