Yasunari Kawabata
Anjos de Cloro
Dou-me como as nuvens entre ventos cruzados e sei-me pela ascensão e leveza de ser. Um voo com rumo à montanha, aquela de nuvens, pintada pelo silêncio daqueles que a olham de baixo, os comuns mortais, os amaldiçoados pelo inferno combinado nesta lotaria de nascer precisamente neste planeta.
Do universo nascem as asas de anjo. A primeira lição é dada por professores pouco crentes, pela matéria sábia da frieza. E nós aprendemos-lhes a faltar-lhes às aulas porque o sabemos dos livros que alguém abandonou.
A cada página afunda-se a convicção da existência de anjos. Ler é conhecer as profundezas, e no fim, a vida é um regresso à superfície medíocre. Não esquecendo a logística deste sistema onde nos conhecemos não nos podemos afogar, alguém salva-nos para viver mais um dia num sonho que não sabemos ver.
O cloro nos olhos do que sentimos há muito que cortou as asas dos anjos que alguém um dia nos ensinou a acreditar.
Os de pedra, e as flores. A morte é um adereço que os engrandece.