“Time flows in the same way for all human beings; every human being flows through time in a different way.”
Yasunari Kawabata

São dores, mãos carinhosas e estranhos que se deitam na minha cama de rosas. Ménages à trois, ou ao número à descrição que cada um alimenta o seu ego, nestes lençóis de salvadores e derrotados que menstruam-se ritualmente num fluxo de vertentes sobre o fim. Inspiram-se no começo de braços cruzados de quem nunca quis voltar e que desse nada voltou para se despedir. Não agora, não em braços, mas há muito tempo nas palavras hostis e na fraca assiduidade daquilo que me era uma fragilidade importante.
Assumem a marcha urgente da lua, como sirenes sobre o meu céu, em todas as noites em que penso que o amanhã é um desenho que me esqueci de admirar.
Estou confortado com o fim, afinal de contas nunca tive prazer em viver verdadeiramente. Seja pela minha transladação lúcida de defeitos, ou pelo crematório das sensações que a minha mente se tornou: ardem, e isso é sentir algo.
Todos agora parecem adorar as três dimensões da existência. A vida a 2D parece-me, subitamente, muito mais fácil.
Amo apenas as pessoas que morrem, e odeio-as quando voltam para assombrar.