- Não consigo fantasiar com as pessoas que amo.
- Repete-me.
As tintas não me escorrem em sensações apenas pelos tubos onde me são injectados os paradoxos da vida e morte pelos senhores de branco na procura de um misero contraste celular. Exijo mais de mim, como criança, como adulto, como cadáver em decomposição permanente, como homem, como mulher, e sobretudo como caneta gasta. Não posso aceitar que me olhem apenas como um mero funeral que se avizinha no incerto, acenado nos cinco dedos fechados da distância, como um poço de águas paradas onde podem depositar as vossas despedidas. Eu vou rejeitar essas inquietações momentâneas de todos.
As minhas tintas apenas ferem o papel.
O que somos para além de nomes apaixonados escritos a batom num vidro de uma casa de banho pública? As caras escondidas no seu reflexo certamente que não.
Dum felis dormit saliunt mures
