Acompanhem a marcha da vida, que mergulhada nos remos das águas de Hades, vos grita as frágeis profundezas das almas. No entrelaço da dor tudo lhes é despido pelas marés incertas. Estas construíram palácios de espuma inspirados num mar que há muito deixou de ter areia nas costas para os mortais caminhar.
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Luciferia |
Eles disseram-me que eu podia ser o que eu
quiser. Tornei-me eu mesmo.
Eles mentem!
Na verdade
temem a dor das cruzes que do lado de dentro da inconsciência se rasgam sem ninguém
entender. Ninguém lá vive, ninguém lá respira. Como foram
eles perceber que a dádiva da devoção é uma pequena lástima presa numa reza de
culto?
Sabem-se de mais a si mesmos nestas modernidades complexas que quando se querem afastar da sua fragilidade, anexando os seus velhinhos conceitos com um “pós”, tornando-o uma nova utopia.
Tudo se esgota.
Sabem-se de mais a si mesmos nestas modernidades complexas que quando se querem afastar da sua fragilidade, anexando os seus velhinhos conceitos com um “pós”, tornando-o uma nova utopia.
Tudo se esgota.
Se
quisermos acreditar nas estrelas que caminham as redes, teremos de ser cépticos
e ver que o mar está farto de as ver brilhar. São estrelas a mais para talento
a menos.
Não creio que
a minha futilidade se dispa assim tão facilmente.
Eles disseram-me que eu podia aguentar com
mais um tubo cravado no meu corpo.
Eles mentem!
São salas
radioactivas que me fazem a paisagem. São um culto moldurado da morte entre paredes. Quem
lhes ouve os gritos entende-lhes as almas. Afinal de contas há muito que elas
já partiram. Ficam-se ali, pobres demônios, a agoniar o pouco que lhes resta, o
ar em si.
Eu servi com
as minhas mãos a honra da dinastia do mal que a bênção do meu caminho concedeu.
Mas alguém matou a minha viúva.
Eles temem aquilo que sou.
Todas as noites tenho a certeza que nunca vou morrer. Afinal de contas, não sei o que é verdadeiramente viver.
O vacuum da minha (in)existência.