Visto um peso que nunca outrora tinha vestido.
Os meus cabelos merecem outra definição, outra espécie de conceito que não deriva-se por si mesmo, uma vez que estes apenas escorrem como o asfalto escuro pela pele pálida do meu rosto.
Não é de todo uma futilidade visual atribuída à fachada que me faz sentir melhor por dentro, nem uma aspiração daquilo que espelha por fora. Apenas a carrego, juntamente com a expressão de uma criança morta que não consigo mudar, um dueto ao vento com a aura de tanta gente que poderia ter cá ficado para me acenar com sorrisos gelados.
Sintonizada a marca de silêncio, a dança das silhuetas seduz a tentação da luz.
Acaba num esboço mal esforçado que retrata ser apenas um patético sorriso pedido, numa espécie de sorrisos pedidos da rádio.
Agora que todos foram embora fico-me pelo rosto de criança morta que adora o Inverno, e pela inocência da neve.
Fico-me pela embalar da tempestade, pelos caixões, pelos palácios de gelo e pelo sono adormecido de acordar.
Não são as horas que te fizeram que servem como complemento. A lógica humana capitaliza às prestações a vontade humana. É um pouco de capitalismo e lógica de mercado sobre as nossas cabeças.
As estratégias de marketing sobre as nossas próprias cabeças fazem-nos obsoletos:
Há sempre alguém melhor que nós que vem de seguida.
Todos nós somos a solução de um problema desconhecido. (Chegamos é primeiro que o problema em si)
Anseio pela noite eterna, apenas.
As sombras não são berço para parasitas tentarem fingir ser alguma coisa quando na verdade veneram a luz e temem o frio da neve em nome do calor. Se não o poder estilhaçar em pó com as minhas próprias mãos, estilhaçarei-me a mim mesmo em honra do meu último silêncio.
Que a agonia para sempre vos separe.