Psylocybe Tea foi na verdade um esboço de transição, uma dor inquieta no peito a ser domada pela droga e pela alucinação da racionalidade. As mãos gélidas assim o escrevem, o corpo e as breves mantas do futuro as acompanham.
Não invoco a imagem dos fogos do inferno, nem o julgamento do cristão que tanto venera a morte. Estou distante desse aglomerado de crenças e fogueiras. O meu inferno é belo, as chamas negras dos meus olhos pintados para animar a anemia dos meus signos, as flores pirómanicas são o enxofre dos meus suspiros, da neve que me circula nas veias, deste paradoxo carnal e poético que me embala em pequenos caixões confortáveis.
Lábios vermelhos lhe pintam as roupas, um mar de magia de uma voz feminina que me grita os elementos da natureza. Quero os domar, os saber de cor! Viver a arte de aplaudir os mestres neste Olimpo da minha imperfeição com uma apatia pestanejante.
Ela, subtilmente, seduz-me a imagem da beleza extrema, a anorexia pálida dos sonhos e as longas vestes negras que lhe fazem o luto de viver. E eu respondo-lhe sem falar: "Se a morte é uma dança, faço questão de a aprender a dançar em vida. Torna-se partilhada, torna-se real."
Os sorrisos são uma mentira e a minha consciência nisso é um berço tranquilo: as minhas expressões são pó. São uma histeria projectada e suficiente para conquistar os palácios dominados pela incerteza. Mas deles nada pretendo na verdade. Não cheguei aqui para ficar verdadeiramente, ninguém chegou.
Mas quem a quer? Certamente que não preciso de mais ilusões para flutuarem como cadáveres nos meus lagos, nas margens da minha razão/sentimentos. Não há lugar mais belo para tudo guardar que o fundo desses cursos de água parados repletos de serenatas mortas ao anoitecer.
Infernvs