“Time flows in the same way for all human beings; every human being flows through time in a different way.”
Yasunari Kawabata

Entreguei-me à ravina da despedida para festejar os sonhos vestidos no luxo da decadência, que se despem ao som do delírio febril das palavras.
Ouço o som de algo cair no fundo do vazio de tudo o que sinto. O lenço sujo não encontrará nesta casa terra onde apodrecer.
Falta de razão, acusam-me. Um monte de flechas em linha no horizonte que me tornaram a manhã impossível e a noite numa miragem doentia. Agradeço-te em pleno tribunal da hostilidade, tal falta de sensibilidade banhada em verdade, e defendida pelos advogados da supremacia com ar feroz de sete bestas prontas a desfigurar-me.
A ordem de palavras apenas se limita a uma questão, sem interrogação, sem vontades, ou sem sorrisos de perceber a insignificância aos níveis do ridículo nesta sala repentina.
"As transladações que vejo pelos meus jardins neste momento batem-me com as mãos nas costas suavemente, confortando-me a pele apenas. A relembrança mais hostil de todas, do dia que a cova estava fechada e uma viuvá, vestida de palhaço, veio entoar o choro em nome do vazio." Juro-o, perante uma estátua da justiça violada.
O verdadeiro acidente não se prende à verdade, mas a todo um conjunto de feridas doentias infligidas pelo imperialismo de quem se acha superior. Conseguem manter os cadáveres vivos sem respirar?
O juiz é bem claro nisso, o som do martelo acusa-me de mentira. Como se ele fosse advogado nesta cadeia corrompida de significados.
Não temo a verdade mas, apesar de tudo, e desta expressão ser questionável, não merecia semelhante declaração de guerra quando as minhas armas sempre apontaram a um sorriso de quem nem sequer coragem teve para me dar um simples abraço na realidade.
De nada.