Quem começa a carta sem a ler, perde-se na mente sem a perceber. Uma vez disléxico do que sente, do rosto distante da identidade e curvado no avesso dos próprios ossos, cai de joelhos sobre a anatomia dos gemidos, da histeria cronica, e da velha dança na sombra debaixo da lua vermelha na noite dos assassinatos sem rosto.
Sei-te como quem decora um poema, pelo que me sei e pelo que não te entendo. Aí, entre os dedos e unhas rasgadas, escorro-nos nas águas da bonança de data já expirada. O sangue é apenas tinta que contêm vida coagulada nas (in)certezas desse papel que tanto trazem até aos nossos nomes. Se não sabemos ler, porque assinamos os nossos nomes no fim?
Parte por favor, como gesto indelicado da cortesia do errado. E ama-os, reproduz-te, duplamente na perda de personalidade em nome do que ele espera, e morre de joelhos com olhos nos berços onde os demônios dormem. A vida já se completou, e não és mais útil após atravessar essa embaraçosa meta.
Apenas não chores ou lamentes pelos meu rios que se afundam num oceano de sangue, bem distante de quem se despediu na procura do meu coração de diamante encrostado a pedra reles como joia que suspira por bater fundo do mar.
Sou a nascente de um abismo sem fundo: O verdadeiro oceano vermelho das águas coaguladas.